segunda-feira, 1 de agosto de 2011

Amigos.



Tenho amigos que não sabem o quanto são meus amigos.
Não percebem o amor que lhes devoto
e a absoluta necessidade que tenho deles.
A amizade é um sentimento mais nobre do que o amor,
eis que 
permite que o objeto dela se divida em outros afetos,
enquanto 
o amor tem intrínseco o ciúme, que não admite a rivalidade.
E eu poderia suportar, embora não sem dor,
que 
tivessem morrido todos os meus amores,
mas 
enlouqueceria se morressem todos os meus amigos !
Até mesmo aqueles que não percebem o quanto são meus amigos e o quanto minha vida depende de suas existências ... 
A alguns deles não procuro, basta-me saber que eles existem.Esta mera condição me encoraja a seguir em frente pela vida. 
Mas, porque não os procuro com assiduidade,
não posso 
lhes dizer o quanto gosto deles.
Eles não iriam acreditar.
 
Muitos deles estão lendo esta crônica e não sabemque estão incluídos na sagrada relação de meus amigos. 
Mas é delicioso que eu saiba e sinta que os adoro,
embora não declare e não os procure.
 
E às vezes, quando os procuro,
noto que eles não 
tem noção de como me são necessários,
de como são 
indispensáveis ao meu equilíbrio vital,
porque eles fazem parte do mundo que eu,
tremulamente, construí,
e se tornaram alicerces do meu encanto pela vida.
Se um deles morrer, eu ficarei torto para um lado.Se todos eles morrerem, eu desabo!
Por isso é que, 
sem que eles saibam, eu rezo pela vida deles.
E me envergonho, porque essa minha prece é,
em síntese, dirigida ao meu bem estar.
Ela é, talvez, fruto do meu egoísmo.
Por vezes, mergulho em pensamentos sobre alguns deles.
Quando viajo e fico diante de lugares maravilhosos,
cai-me alguma lágrima por não estarem junto de mim,
compartilhando daquele prazer ...
Se alguma coisa me consome e me envelhece
é que a roda 
furiosa da vida
não me permite ter sempre ao meu lado,
morando comigo, andando comigo,
falando comigo, vivendo 
comigo,
todos os meus amigos, e, principalmente,
os que só desconfiam
- ou talvez nunca vão saber -
que são meus amigos!
A gente não faz amigos, reconhece-os.

-Vinícius de Moraes-

terça-feira, 22 de fevereiro de 2011

Where is the Love?


"As grades do condomínio são pra trazer proteção; mas também trazem a dúvida se é você que está nessa prisão." ♪♫


Hoje eu pensei em falar sobre "Where is the love?" fazendo analogia à música do Black Eyed Peas; Cuja letra fala principalmente sobre a falta de amor entre os Homens, que destroem a si mesmos por motivos fúteis e desumanos; sem pensar nas consequências que tal ódio e cobiça causam à sociedade como um todo.


"People killing, people dying                                        
Children hurt and you hear them crying                       
would you practice what you preach?                          
or would you turn the other cheek                               

Father, Father, Father help us                                     
send us some guidance from above                              
'Cause people got me, got me questioning                     
Where is the love?"

sexta-feira, 18 de fevereiro de 2011

Página em Branco


Nesta primeira postagem, optei por fazer um breve questionamento sobre a vida e sobre como, em minha perspectiva, seria a melhor forma de viver. =)
Quando se fala em aproveitar a vida, logo vem-se a cabeça o velho conceito de "Carpe Diem" que é uma frase em latin de um poema de Heráclito que popularmente é traduzida para "Aproveite o momento". Porém, a concepção de aproveitar o momento, diverge em dois ângulos completamente diferentes.
Para uns, aproveitar o momento refere-se a viver tudo o que há para viver. Não perder Tempo! Cair na farra, beber todas, enfim, não deixar a vida passar sem que se extraia dela todo o prazer que se puder obter!
A outra visão que se têm do Carpe Diem, é a perspectiva de que a vida é muito valiosa para que passe em branco, isto é, aproveitar o momento para se construir algo que faça com que a vida valha a pena! Construir um futuro!

Bem, hoje depois de organizar as perspectivas sobre os modos de viver, eu resolvi concluir qual seria a minha forma de ver a vida, pois hoje me vi diante de um momento crucial, onde tenho que optar por um destes caminhos. E passei a analisar a teoria do "Eterno Retorno" de Nietzsche:

"E se um dia ou uma noite um demônio se esgueirasse em tua mais solitária solidão e te dissesse: "Esta vida, assim como tu vives agora e como a viveste, terás de vivê-la ainda uma vez e ainda inúmeras vezes: e não haverá nela nada de novo, cada dor e cada prazer e cada pensamento e suspiro e tudo o que há de indivisivelmente pequeno e de grande em tua vida há de te retornar, e tudo na mesma ordem e sequência - e do mesmo modo esta aranha e este luar entre as árvores, e do mesmo modo este instante e eu próprio. A eterna ampulheta da existência será sempre virada outra vez - e tu com ela, poeirinha da poeira!". Não te lançarias ao chão e rangerias os dentes e amaldiçoarias o demônio que te falasses assim? Ou viveste alguma vez um instante descomunal, em que lhe responderías: "Tu és um deus e nunca ouvi nada mais divino!" Se esse pensamento adquirisse poder sobre ti, assim como tu és, ele te transformaria e talvez te triturasse: a pergunta diante de tudo e de cada coisa: "Quero isto ainda uma vez e inúmeras vezes?" pesaria como o mais pesado dos pesos sobre o teu agir! Ou, então, como terias de ficar de bem contigo e mesmo com a vida, para não desejar nada mais do que essa última, eterna confirmação e chancela?"

Então depois de pensar sobre a teoria, e se, no meu caso, eu iria, ou não querer viver tudo denovo, cheguei a minha conclusão. Não me arrependo de nada do que eu fiz, e viveria, sim, tudo outra vez para ter a experiência que tenho hoje! 
Quanto a minha percepção, resolvi viver apenas para mim. Construirei uma vida que é minha, e que é a única coisa que possuo. Não vou fingir ser o que não sou para agradar ninguém, nem vou fazer coisas que não cabem em meus conceitos e valores. Pois a vida é muito para ser insignificante.

Beijos. =)